A Vovozinha
OPERETA INFANTIL
Música de Benedicto Nicolau dos Santos (1878-1956)
Libreto de Emiliano Pernetta (1866-1921)

A primeira peça infantil da História do Brasil
NOTAS DE PROGRAMA
A Curitiba do início do século XX era o misto daquela mais nova província do império com a efervescência cultural trazida com as enormes levas de imigrantes, somadas aos estudiosos acadêmicos que fundaram a primeira universidade do Brasil, hoje UFPR.
No âmbito literário, a capital do Paraná notava-se por ser o maior centro simbolista da nação, opondo-se à estética parnasiana (de Olavo Bilac). Na Curitiba de 1909, também, a fundação do “Templo das Musas” pelo professor carioca Dario Vellozo (1869–1937), como centro das ideias simbolistas somadas à filosofia neo-pitagórica: é o único templo pitagórico fora da Grécia, que ainda hoje pode ser visto no bairro Vila Izabel.
O mais notável dos poetas simbolistas do Paraná, Emiliano Perneta, dedicava-se à educação pela arte, tendo escrito inúmeras obras, uma das quais permaneceu adormecida até hoje: a opereta Vovozinha. Um libreto simples, uma música agradável. Mas o pioneirismo da obra em tela deve-se à época em que foi concebida: ninguém se dedicava aos escritos infantis, tampouco na seara operística.
José Nicolau dos Santos, em sua obra “Emiliano Perneta – catedrático fundador da Universidade do Paraná” (Editora da UFPR, 1982, pág. 98) é assertivo e categórico ao afirmar: “Com ela – a opereta Vovozinha –, Emiliano e Nicolau dos Santos se fizeram precursores da literatura infantil brasileira, que motivou a fama justa e merecida de Monteiro Lobato, com suas hoje famosas personagens do Sitio do Pica-Pau Amarelo (...). Os dois artistas paranaenses se tornaram, também, precursores de Walt Disney, criador de operetas infantis (desenhos animados) aproveitando o conto de Perraut, “Cinderela”, ou outros como Pinócchio e Branca de Neve”.
Não há excedo algum na opinião do nobre autor, pois, mesmo no cabedal da ópera, só existiam duas obras para crianças: “La Cenerentola” (A Cinderela) e “Cendrillon”, a primeira sob o crivo de Rossini e a última de Massenet. A singular opereta infantil que restauramos e oferecemos ao público curitibano foi escrita em 1909, tendo sua derradeira revisão em 1915. Teve sua estréia sem o coro e sem orquestra completa em 1917, às margens do rio Itiberê, no Clube Literário de Paranaguá. Mais tarde ouve uma audição em Ponta Grossa, com partes orquestradas desta peça e, finalmente, uma montagem com partituras incompletas em 1966, no teatro da reitoria, em Curitiba.
Pela forma como foi montada durante a história, e nunca ter sido impresso o texto e as partituras, a pioneira obra permanece inédita.
Após infatigáveis anos de esforços em completar os papéis da obra, este pesquisador consegue reunir, um século depois, as partituras originais, a lápis.
Nada mais oportuno do que oferecer aos nossos pequenos uma obra tão original, que lega à cidade que eles herdarão de nós, o desconhecido título de “berço da literatura infantil do Brasil”.
A Vovozinha é uma peça para ser reconhecida, valorizada e agregada à identidade paranaense.
Gehad Ismail Hajar,
pesquisador
Resumo dos atos
1º ATO
A cena passa-se em casa de LEANDRO, pai de MARIA. Esta está com o seu noivo ALFREDO, quando LEANDRO, pai de MARIA, que se opõe ao seu casamento, lhe adverte, que hoje, em dia, não é de sonho que se vive, mas de pão.
ALFREDO reage. Intervém a VOVOZINHA, que afugenta os terrores maus e canta e dança, alegremente, fazendo a aproximação dos dois amantes.
Entram as amiguinhas de MARIA, que lhe vêm trazer flores, cantando em coro e pedindo à Nossa Senhora, que a faça feliz.
2° ATO
MARIA, apaixonada, canta à janela uma canção de amor. JULIETA entra e tem com ela ligeiro colóquio. MARIA queixa-se-lhe, que o pai, com fantasia de nobreza, descobriu que ALFREDO é filho de uma lavadeira e, por isso, não quer o casamento.
MARIA está se queixando à JULIETA, que perdeu o casamento, pelos preconceitos do pai, quando a interrompe a VOVOZINHA. MARIA, também, duvida dela, mas a VOVOZINHA a tranqüiliza.
MARIA respira e canta: Por esses campos afora, Casar-me-ei para o mês. Prossegue cantando e diz: MAMÃE é a VOVOZINHA. Entra LEANDRO. Sinais de receio.
LEANDRO acaricia a filha e canta hesitando achando que está entre dois inimigos. Novo atrito entre LEANDRO e ALFREDO.
A VOVOZINHA intercede por este. Canta uma canção de amor. Entra o coro de amiguinhas, com flores, para felicitar o próximo noivado de MARIA.
3º ATO
No jardim da casa de ALFREDO. ALFREDO e MARIA, felizes, cantam, saudando a natureza. Neste ínterim, ouvem passos: é a VOVOZINHA que entra, apoiada nos braços dos netos. O coro saúda a primavera.
A VOVOZINHA senta-se, na relva, com os netos e as crianças. Canta e depois, aconselha à sua gente. MARIA e ALFREDO acariciam e lisonjeiam a VOVOZINHA, para que viva cem anos.
MARIA deita ao colo a VOVOZINHA e canta: "Quando ficar bem velhinha, bem velhinha... O coro repete "Dorme, dorme VOVOZINHA... Esta fica silenciosa e MARIA, supondo-a a dormir, faz-lhe cócegas.
ALFREDO aproxima-se. MARIA diz: DORMIU, TALVEZ? ALFREDO responde: Não, morreu!... Chovem flores sobre a VOVOZINHA.
Cai o pano.
Ficha Técnica
A VOVOZINHA
1909
Música de Benedicto Nicolau dos Santos (1878-1956)
Libreto de Emiliano Pernetta (1866-1921)
• 21, 22 e 23 de Setembro de 2012 | Capela Santa Maria
Jaime Zenamon – Regência
Gehad Hajar – Direção de Produção | Direção Cênica
Denise Sartori – Ensaiadora
Ben Hur Cionek – Pianista Correpetidor
Gustavo Krelling – Figurinos | Adereços
Renato César Schmidt - Iluminação
Beth Capponi – Assessoria de Imprensa e Produção | Fotografia
Glaci de Jesus – Costura
Yvy Capponi – Ilustrações
Sirlei Bassan – Design
Roger Vaz – Copista
Juliana Tambosi – Operação Técnica
Fábia Regina – Contrarregragem
Companhia Paranaense de Ópera
Solistas:
Daniele Oliveira – Vovozinha
Rubens Rosa – Alfredo
Thiago Monteiro – Leandro
Mariana Thomaz – Julieta
Michele Coelho – Maria
Coro:
Ana Carolina Cardon
Anderson Ombrellino
Djonatan Ledur
Letícia Burtet
Ornella de Lucca
Thiago Felipe Stopa
Juliano M. Stopa
Helen Tórmina